terça-feira, 10 de abril de 2012

A Justiça de Deus é Atributiva ou Retributiva?











Um Deus cuja santidade se manifesta em retidão e justiça concederia méritos às manifestações dos atributos morais compartilhados aos crentes?

Esta foi a questão proposta para que nós, alunos do Seminário Presbiteriano Renovado de Cianorte pudéssemos analisar, e assim, dissertar sobre isso. Gostaria, portanto, de trazer pouco daquilo que pude compreender a respeito desta grandiosa justiça divina. Espero que possam compreender.

Em primeira instância, compreende-se que mérito é aquilo que faz uma pessoa digna de recompensa, sendo que, à esta pessoa em questão torna-se merecido, por direito, receber recompensas, ou seja, o mérito devido pelo seus atos. Desta forma, como dita a questão proposta, somos interrogados se acaso o mérito se aplicaria aos cristãos pelas manifestações de atributos morais, os quais, por sua vez, não passam de manifestações da retidão e justiça de Deus. E, portanto, somos levados a analisar se a justiça divina em relação ao homem é atributiva ou retributiva.

Vale-se assim, antes de prosseguir, lembrar também que a justiça divina é o padrão de justiça, é a justiça santa, natural ao ser de Deus, e por sua vez, exata e perfeita.
Não obstante, se analisarmos a justiça retributiva ou atributiva nas relações humanas, logo teríamos uma resposta. Porém, aplicar o conceito de mérito na relação entre Deus e o homem torna-se um tanto mais complexo, pois não existem comparações possíveis entre estes, pois o ser humano está em um estado permanente perante Deus de criatura, e assim, não se torna merecedor de coisa alguma.

Sabendo, portanto, que a vida cristã é regida pela graça do seu início ao ‘fim’, entendemos que tudo quanto é recebido de Deus é bondade e, portanto, nos é atribuído gratuitamente, pois a nossa obediência é nosso dever, e sendo um cumprimento de um dever, não implicará em mérito. Desta maneira, somos levados a compreender que torna-se equivocado de nossa parte fazer coisas boas pensando em boas recompensas, em méritos, pois, primeiramente, não há moral em se fazer justiça pensando em retribuição e, que devemos estar, pela Palavra de Deus, mais que convencidos de nossa incapacidade de reivindicar algo diante de Deus pela nossa obediência, pois, o único que pode assim fazer é Cristo.

Como pudemos aprender nas aulas de Teologia Sistemática, “Deus recompensa a obra de Cristo por nós, e em nós”. E assim, compreendendo também a antecipação de Deus em todas as coisas, o crente entenderá que mesmo a obediência, ou o ato de bondade manifestado, é, antes de tudo, fruto da graça de Deus, e totalmente dependente do mesmo.

Logo, sendo conduzidos por esse pensamento, podemos compreender que a justiça divina é atributiva, pois o Santo Deus não se torna “obrigado” a conceder méritos aos homens por estes terem feitos o que é certo. Pelo que, é intrinsecamente necessário lembrar que apenas Cristo nos torna merecedores de todas as coisas as quais recebemos pela benignidade de Deus. A salvação, a misericórdia, a graça, as bênçãos, não nos são merecidas de outra maneira a não ser por meio de Jesus Cristo. E enquanto nós participamos nos méritos de Cristo, a graça que recebemos transforma-se em ações humanas livres, que adquirem mérito somente através de Cristo.

Concluo, portanto, esta dissertação com uma breve análise Lucas 17:10, o qual já havia postado no Blog:
Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos somente o que devíamos fazer."

Compreende-se, portanto, que não podemos achar que Deus nos deva algo. Quando tivermos feito o melhor que pudermos só teremos completo o nosso dever. Nesta passagem, não é Deus que nos avalia como servos inúteis, mas Cristo diz que somos nós que devemos nos avaliar assim.
Que tenhamos, portanto, essa consciência: não somos indispensáveis e nem mesmo merecedores de méritos divinos! E a partir disso, podemos, com convicção, afirmar que feliz é o homem que recebe a bondade de Deus, e não recebe a recompensa merecida.



Pelo Senhor Jesus,
Carla de Cássia Coutinho.

Ah, como eu queria!

Ah, se eu pudesse Ter muitos anos de vida Quanta coisa veria, Tantas e tantas, viveria Uns três mil anos me bastava Com estes...